Tropifagia com Luiz Galvão

O poeta Luiz Galvão, letrista de grandes sucessos dos Novos Baianos, como Mistério do Planeta e Preta Pretinha, foi um dos colaboradores do projeto Cena Tropifágica (2011-2017), antigo nome do Narrativas de Brasis. Em 2011, o convidamos para participar da construção do acervo Comendo o País Tropical (2016). Levamos ele até o Rio de Janeiro, onde estava a base do trabalho da Cena, e o incentivamos a rabiscar algumas palavras com o tema Tropifagia. Essa poesia costurou as músicas na primeira versão (2012) do EP homônimo e experimental – parte do acervo. À tarde, sentado na mesa de um bar em Laranjeiras, depois de ser apresentado ao conceito do trabalho, Galvão foi rascunhando o poema abaixo. No relançamento do acervo, em 2016, durante apresentação da Cena Tropifágica no projeto Bahias Intemporais, em Salvador, Galvão abriu o show recitando-o

 

 Foto Destaque: Taylla de Paula

 

Tropifagia 

  Luiz Galvão

“Saborear o país tropical com pá e cal
Brasil linguagem intercultural
o Rio de Janeiro de Ogum
é filho da Bahia de Oxum
E Rio-Bahia são mais que duas terras
ou uma estrada asfaltada
é poesia de Vinícius de Moraes e Castro Alves
contracenando com a de Carlos Drummond, de Minas Gerais
Brasil, berço da bossa
que João Gilberto trouxe da roça
e mudou a música do mundo e a de Raimundo
colocando o tempero
a pimenta baiana e o dendê
Não confunda C com B
ninguém pode ser contracultura
cultura é gol de placa da palavra
é vida
e da vitória, o V
Estamos na era do raio laser
computador e internet
já era carta
telegrama e mensagem pipa
Quer ser contra alguma coisa,
seja contra sistemas
jamais contra poemas
e viva a garota de Ipanema
e Juazeiro da Bahia, terra do cinema
E agora é email
e alô, alô,
já fui. ”

 

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